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Palavras Corrompidas

Solo inspirado na obra de Hugo Von Hofmannsthal – “Carta de Lorde Chandos”

 

Um escritor desiludido com as palavras conduz um grupo de espectadores por um percurso permeado de atmosferas e situações, que culminará em um banquete onde a imaginação  será o prato principal.

O Projeto Palavras Corrompidas é fruto de uma convergência de processos. Fruto primeiramente de uma crescente indignação em relação à saturação de discursos que emergiram nos últimos tempos de convulsão política. Juntamente com a degeneração ética em curso, não somente no Brasil, a palavra parece perder mais e mais a sua autoridade e potência. Esse Projeto é fruto também do encontro com uma obra extremamente relevante de Hugo Von Hofmannsthal – “Carta de Lorde Chandos” – um dos textos mais comentados da literatura. Nele vemos um escritor, Lorde Chandos, descrever o seu processo de desencantamento com as palavras, percebidas como cogumelos podres – e as questões que emergem a partir dessa situação.

Mas Palavras Corrompidas não se limita a um exercício crítico; ele não se resume a uma atitude indignada em relação à palavra que usa uma obra conhecida como pretexto. Através da reflexão sobre a vulnerabilização e degeneração da palavra enquanto instrumento relacional e de transformação de realidades, esse projeto é, ao mesmo tempo, um “manifesto positivo”, que percebe a palavra como ponta de um iceberg que, ao se mostrar, nos faz perceber o que esconde: que o humano, para “Ser Humano”, requer e envolve um trabalho constante e inesgotável.

A partir do conceito descrito, uma adaptação significativa foi feita da obra de Hofmannsthal e uma encenação definida, com duração de aproximadamente cinquenta minutos.

O processo criativo levou a definição de um solo, onde uma personagem/narrador conduz os espectadores, produzindo diferentes estados e atmosferas, e os faz experienciar dois níveis de recepção: aquele do espectador-observador, e aquele do espectador observador-participante.

Partindo da noção da palavra como jogo, o espetáculo se desenvolve performativamente até culminar na situação de um banquete, onde sete espectadores sentam à mesa “preparada” pela personagem/narrador, contribuindo assim para a construção de um imaginário que pretende ampliar a nossa percepção da palavra, revelando-a como ação, e deixando latente as possibilidades que emergem dessa ampliação.

A personagem/narrador encontra inicialmente os espectadores na quadra localizada em frente do auditório. Nela se dará a primeira parte do espetáculo, que tem como foco a palavra vista como jogo. Os espectadores permanecerão sentados em cadeiras, formando um corredor que funcionará como área de atuação. Ao fim da primeira parte, a personagem/narrador conduzirá os espectadores até o auditório, onde acontecerá a segunda parte do espetáculo.

No auditório, além da mesa e cadeiras colocadas ao centro, haverá duas fileiras de cadeiras ou duas arquibancadas posicionadas nos dois lados da mesa. Desse modo, vários pontos de vista serão sobrepostos: os espectadores das arquibancadas que vêem a personagem/narrador e os outros espectadores sentados à mesa; os espectadores de uma arquibancada que vêem os espectadores  da outra arquibancada; e os espectadores sentados à mesa que percebem de maneira mais íntima uns aos outros assim como a personagem/narrador. É importante ressaltar que a personagem/narrador estabelecerá uma relação direta seja com os espectadores sentados à mesa, seja com aqueles sentados nas cadeiras/arquibancadas.

A iluminação será minimalista e terá como função principal criar atmosferas e estados. Na primeira parte um corredor de luz será recortado, definindo a área de atuação; e na segunda parte o banquete funcionará como dispositivo que articulará focos e variações sutis de intensidade e de cor.

O figurino usado pela personagem/narrador será ao mesmo tempo, familiar e levemente estranho. Ele poderá evocar um outro momento histórico sem ilustrar ou situar esse deslocamento. O espetáculo teve sua estréia no SESC Ipiranga

circulou em várias cidades do Brasil.

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Ficha Técnica

Matteo Bonfitto: Direção, Adaptação e Atuação

Gisela Dória: Co-direção

Leo Brant: Fotos e Registro Espetáculo

Lucas Reitano: Videos

Camila Jordão: Design de Luz

Deivison Nunes: Trilha

Graziela Manotvanello: Produção

Visualize e/ou Baixe o arquivo com o Clipping e o Rider de Luz do Espetáculo

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