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Palestras-Performances

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O ano de 2016 abriu espaço para um tipo particular de investigação, relacionada com o território das Palestras-Performances. O foco aqui foi a exploração de um lugar movediço, que envolve deslizamentos constantes entre dois extremos: a exposição pretensamente objetivante e a materialização de experiências sutis que envolvem o impalpável, o indizível e o invisível.

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Esse percurso teve início no Espaço Sergipe, coordenado por Lucia Navarro e Cassiano Quilici, onde o foco era fazer incursões nesse território. Após essa experiência embrionária, o processo de investigação se desdobrou em três encontros.  O primeiro ocorreu na EBA da UFMG em Belo Horizonte, através da participação do Seminário CRIA 2016 (Criação e pesquisa em Artes da Cena na contemporaneidade), intitulado “Corpo e Cena: para Além da Técnica”. Nesse seminário pude experimentar de maneira mais consistente – através de uma moldura conceitual que tinha como questão as tensões entre as Epistemologias e Gnoseologias da Cena -  uma estrutura performativa que entrelaçava os aspectos abordados e algumas criações produzidas dentro de meu Núcleo, o Performa Teatro.

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A partir dessa experiência pude desdobrá-la de maneira cada vez mais específica e consistente em outros dois eventos, nesses casos internacionais. O primeiro foi o Congresso do IFTR edição 2016 -  International Federation for Theatre Research, ocorrida na cidade de Estocolmo, na Suécia. Nesse evento, apresentei a Palestra-Performance intitulada “Beyond Affective Memory: The Importance of Spirituality in Eastern Acting” (“Para além da memória afetiva: a importância da espiritualidade nos processos de atuação dos Teatros Orientais”).

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Sobretudo a partir do início do século XX no Ocidente, os processos de atuação passaram a representar no teatro um material de investigação artística constante. Nesse sentido, vários criadores teatrais ocidentais foram extremamente influenciados por diferentes manifestações cênicas orientais; bastaria citar a relação entre Meierhold e o Kabuki, Brecht e a Ớpera de Pequim, Artaud e o Teatro de Bali, e Grotowski e o Teatro Kathakali, dentre muitos outros. De qualquer forma, tais influências muitas vezes não ultrapassaram o plano das primeiras impressões e intuições. Nesse sentido, vários aspectos constitutivos do que poderíamos chamar de ‘dimensão tácita da atuação’, que envolvem por sua vez implicações técnicas, éticas e estéticas, passaram desapercebidos por tais criadores. É nesse sentido que essa Palestra-Performance se insere, na medida em que busca olhar para a dimensão tácita da atuação a partir de experiências práticas diretas, vivenciadas em primeira pessoa, relacionadas com o Teatro Kabuki, o Topeng Balinês, o Chi Kung e o Kung Fu. Não se trata aqui de buscar construir modelizações universalizantes mas de buscar perceber com os olhos da prática que os processos de atuação envolvem aspectos que vão muito além da aplicação utilitária de técnicas.

 

Concluindo o ciclo de experiências nesse território, apresentei uma nova Palestra-Performance – intitulada “O Performer como Filósofo Praticante. O Caso Mariana: em busca de uma Virada Ética” no Congresso do PSi – Performance Studies International, ocorrida em 2016 em Melbourne, na Austrália.

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A percepção do performer como um praticante filósofo reforça a conexão entre arte e vida, entre ethos e ação. Nesse sentido, é interessante perceber como a performance pode ampliar o nosso horizonte de vida, principalmente através de eventos que podem causar uma espécie de trauma ou ruptura social. Seguindo esse raciocínio, um acontecimento específico – o desastre ecoleogico ocorrido em Mariana, Brasil – pode ser visto como um estudo de caso que pode ser usado para aprofundar as minhas reflexões. Uma questão pode ser levantada nesse caso: como um performer, visto como um praticante-filósofo, pode produzir acões a fim de que esse acontecimento amplie o seu impacto? Como capturar através dessas ações, a singularidade desse acontecimento?

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